domingo, 21 de setembro de 2008

Eu, Etiqueta



Eu, Etiqueta
Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produto
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu lençol, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo,
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências,
Costume, hábito, premência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É duro andar na moda, ainda que a moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
(...)
(Carlos Drummond de Andrade, O corpo. Rio de Janeiro, Record, 1984, p.85-87.)

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Reflexão e Ação

O blog A Língua Portuguesa em Ação propõe o estudo da Língua Portuguesa através da reflexão e ação. Levando o estudioso da Língua a pensar ao relacionar texto e contexto, palavra e imagem, ampliando horizontes e desafiando o senso comum, uma construção embasada na compreensão, produção, reconstrução de conhecimentos lingüísticos em situações reais de uso. Pois, hoje, no avanço surpreendente dos meios de comunicação e da Ciência, só se pode conceber o estudioso dominando sua própria língua, para a compreensão do seu tempo, da sua história, da sua cultura. Desta forma, oferecer a ele instrumentos para agir e interagir com competência e capacidade crítica em sua realidade é a linha mestra no ensino da Língua Portuguesa. E isto tudo na ousadia de estimular o gosto pela leitura e a compreensão de diferentes estruturas textuais.

terça-feira, 22 de abril de 2008

As Dores Do Silêncio - Rosa De Saron

Ao meu redor procuro entender
O que virás e bem longe eu vou estar
Diante de Ti
Eu entreguei os meus caminhos
Pra te sentir
E nunca mais chorar sozinho
Mas cansado estou e fraco a esperar que tua doce voz venha o meu sono despertar
Manda teu espírito e vem me abraçar
Pra eu não chorar
Preciso de ti aqui
Pra me consolar
Só você faz o mar se acalmar
E traz paz iluminando o meu olhar
Sabes ouvir as dores do silêncio
E persistir em esquecer os meus lamentos
Sei que em você
Encontro meu alento
Estendo as minhas mãos
E te entrego os meus sentimentos
Manda teu espírito...



Flores


"O que vale na vida não é o tempo de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher." Cora Coralina